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Por mês ganham três salários mínimos portugueses. Por dia são sete horas nas vinhas perto de Bordéus. Inês e Margarida são duas "sazoneiras" em França. Uma delas acampa, dorme na carrinha e gosta.
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São seis da manhã. O despertador vibra, toca pela primeira vez. Há uma luz que se acende e ilumina o teto da carrinha, é o telemóvel que está preso numa rede. Está a pairar-lhe sobre a cabeça. É hora. Inês não demora muito a espreguiçar-se, destapar-se do cobertor, o hábito tirou-lhe a ronha matinal. Lá fora já está um lusco-fusco nascente, em França os dias espreguiçam-se mais cedo. Ainda há pouco sol, apenas se veem uns poucos raios de luz, como facas, a racharem por entre as árvores que cerram aquele início de bosque. Ela sai da carrinha, não se apressa, mas é rápida a entrar na tenda que lhe cobre a cozinha, a sala de estar e a espécie de quarto onde protege a comida com uma porta em fecho. Dois minutos passam, cheira a café.
O raiar do dia faz tremer um pouco, o calor matinal de verão ainda não ganhou o braço de ferro ao fresco da noite. Inês senta-se à beira da pequena mesa, que está entre a carrinha e a tenda, beberica o café enquanto come pedaços de pão torrado. Molha-os em azeite artesanal. O vestir, o lavar os dentes, o arrumar, o lavar a cara, o fazer a cama, os preparos matinais são despachados. Ali não há azáfama, quais buzinas, semáforos, trânsito, confusão ou mexerico de pessoas. Os pássaros são os únicos com agitação matinal, cantam, atropelam-se e avisam-se uns aos outros que o dia vem aí. Ainda não são sete e meia e Inês está ao volante da carrinha.
Arranca do pedaço de bosque que lhe serve de casa. Está mesmo ao lado de Lamarque, pequena vila a 40 quilómetros de Bordéus, nem cinco minutos demora a parar a carrinha junto a uma vivenda e a buzinar duas vezes. Margarida Fernandes sai pela porta, tem um passo urgente. Entra, trocam umas palavras e partem. O caminho em alcatrão faz-se em 10 minutos e, nas placas que vão aparecendo, não se lê outra coisa: “Château”. Há muitos, com os mais variados nomes, ladeiam a estrada e, a par do verde que cobre hectares de campo, brotam da terra os não tão ocasionais palácios. Casas grandes, parecem castelos antigos, fortalezas embelezadas. Inês e Margarida mal falam, o despertar madrugador rouba-lhes as palavras e fazem isto todos os dias.
▲ Inês Bargão, de 33 anos, é a portuguesa da esquerda, com a tesoura em punho. Ao lado está Margarida Fernandes, de 23, poucos minutos antes de meterem mãos à obra
Chegamos ao Chateâu Latour antes das 8 horas. “Fomos as primeiras, yeay!”, exclama Inês, que estaciona a carrinha à beira de uma estrada de terra. Fica ali. As duas estão rodeadas de verde, há muitas vinhas, a perder de vista. São colunas verdes por todo o lado, alinhadas na perfeição e delimitadas pela entrada. A eventual casa, que mais parece um palácio, sobressai na paisagem. Era preciso trasladar uma capital europeia para, neste sítio, passar a haver mais pessoas do que vinhas. Saem, vestem umas luvas, e cada um fica com um valado (uma fila de vinhas). Mas aguardam. Ficam uns minutos de pé, quase imóveis, conversam um pouco.
Está toda a gente à espera das 8 horas. Começam no ponto, o hábito é religioso e o chefe de equipa, um homem do Madagáscar que leva muitos anos disto, não tem que dizer nada para todos saberem que apenas arrancam à hora. Alguns têm luvas, poucos têm auscultadores nos ouvidos, uns quantos vão falando, todos têm uma tesoura nas mãos. O trabalho é cortar ramos e folhas que fazem sombra aos cachos de uva. “Chama-se desfolhagem, serve para a uva conseguir apanhar a luz do sol. É um trabalho básico, fácil, mas é uma seca e cansa”, resume Inês, que cobre a cabeça loira com um lenço verde, quase bate certo com a vinha, serve-lhe de camuflagem. É um pára-arranca de cócoras, em que se caminha de lado e se carrega o peso do corpo, de joelhos, vergado pelo calor que um céu azul de verão, já sem nuvens, vai queimando. Inês Bargão, 33 anos, e Margarida Fernandes, 23, são as únicas portuguesas no meio de uma equipa com apenas um francês entre pelo menos uma dezena de trabalhadores do Madagáscar.
Aqui nada varia. Há semanas que fazem isto e outras semanas iguais virão. Baixam-se, mexem nas folhas, cortam, deixam-nas na terra, a secarem ao sol, que se encarrega de as fazer sumir. São à volta de 15 pessoas, todas, menos Jean, fazem o mesmo. Ele está nos seus quarenta, tem um boné azul na cabeça, dentes sempre à mostra. É o chefe de equipa. É o único que não respeita as linhas retas dos valados. Faz das vinhas um labirinto próprio, desenha um ziguezague para deitar o olho ao trabalho dos outros, inspecionar. Baixa, levanta, dá instruções, pergunta coisas, exige outras, é rigoroso no controlo e não é preciso entender a língua que se fala em Madagáscar para perceber como insiste mais com a rapariga nova. Está ali há apenas uns dias, dizem as portuguesas.
A rapariga é o contrário de Inês e Margarida, que têm temporadas e anos isto, mãos experientes a quem Jean pede que se encarreguem das vinhas que ficam mais perto da estrada. “Pediu-nos para sermos nós a fazer as pontas, porque eles são um bocadinho trapalhões, mais desleixados. Nós fazemos melhor, com mais cuidado. Estas são as vinhas que os patrões veem quando passam por aqui de carro. Fazemos os primeiros cinco metros”, explica Inês. Isto fá-las sorrir e dá uma cara séria às colegas de Madagáscar.
▲ Margarida e Inês tentam manter-se perto uma da outra, durante o dia. A conversa ajuda a passar o tempo e a monotonia das tarefas
Estão perto uma da outra, vão falando. Mas antes, contudo, demoram quase duas horas a tratar, cada uma, da sua fila do valado — que ronda os 150 metros de comprimento. Isto demora, por isso também há truques. O corpo pede sempre paragens, o tédio puxa pela converseta, quer abrandar o tempo para uma pausa de cigarro ou um trago de água. Mas é de evitar o torso esticado, a cabeça de fora para lá do metro e meia de altura (mais ou menos) da vinha, como um suricata que se ergue na savana. “Senão o diretor do chateâu ou o adjunto, se virem muitas cabeças de fora, aparecem aqui para verem o que se passa”, avisa Margarida, em pé. Ali sou o intruso, alguém que está sempre de pé, que pode atrair a indesejada atenção de quem manda no château.
Tento não atrapalhar, limito-me a ser um observador, a aguardar pela hora de almoço que demora quatro horas a aparecer. Há relógios distintos. O tempo, para Inês, Margarida e para os outros passa mais rápido. Estão ocupados, a rotina das folhas, do passo de cócoras de cada vez, elimina-lhes a noção de cronómetro. Mas também lhes custa bem mais.
O dia não vai a meio e o calor bate nos 30 graus centígrados. Inês é rápida a tirar uma camisola branca que a protegeu contra o frio do despertar madrugador. Arregaça as calças largas e verdes, improvisa uns calções. Nunca tira o lenço que lhe tapa a cabeça. Margarida também despe o casaco. Fica com um top, está mais fresca, destapa as costas. Por baixo de uma tatuagem redonda tem a marca do soutien, queimada, num bronzeado que parece de praia. É de trabalho. Não oiço queixas de dores ou de apertões do sol. Falam e riem quando os valados as aproximam, estão embaladas na rotina. Chega a hora de almoço. Jean, às 12h30, vai para o meio da estrada, abre os braços e não tem de abrir a boca para todos saberem que ele faz sinal para trocarem a vinha pela refeição. Partem para os carros ou carrinhas.
▲ Margarida Fernandes aventurou-se pela primeira vez em França em 2014. Aguentou um mês: "Chateei-me com tudo". Mas voltou e já faz isto há três anos
Inês e Margarida tentam relaxar no meio do impasse que é ter de comer em 30 minutos, não mais. “Isto é puxado, não dá tempo para nada. Nem vale a pena enrolar agora um cigarro, já sei que o vou fumar enquanto trabalho”, lamenta Margarida, enquanto arruma o tupperware que antes tinha o esparguete e o frango que lhe curaram a fome. Estão sentadas no chão, à sombra de uma árvore, ao lado da carrinha que tem a porta lateral aberta. Comem mais rápido do que trabalham, há pouco tempo para respirarem.
Esta vida é dura, cansa, o trabalho aperta com o corpo, o tempo testa a mente. Inês vive-a há dois anos. Gosta disto — do contacto com a natureza, com a terra, da experiência de viver no campo e dependente de uma carrinha e um acampamento. Queria experimentá-lo há muito e a vida na produção de teatro, que se dificultou em Portugal, fê-la partir para França. Teve que se habituar a pensar e fazer as coisas que tiram quilos ao peso que é viver desta maneira. “É duro se não criares condições, é disso que muita gente se esquece. Compram más tendas, não trazem os ‘kits’ necessários, não se preparam. Há uma preparação que tens de ter para viveres bem aqui, seja em carrinhas, seja em tendas”, defende, com as mãos ocupadas nos pauzinhos chineses com que come o almoço, de uma taça.
Essas são algumas provas de como Inês o faz. Outras estão na carrinha, grande, de nove lugares, que preenche com uma cama, prateleiras que a própria fez em madeira, cortinados nas janelas, decoração arrumada. É como no seu acampamento, onde tem um chuveiro montado, uma fossa escavada, toldos, e um depósito de água para lavar tudo. Até tem um iPad com internet, que completa a sala com televisão onde, no dia anterior, vê o França-Islândia, dos quartos-de-final do Europeu. “Se conseguires reunir todo o material que precisas para estar bem, fazes com que isto não seja duro”, conclui.
Há cerca de um ano deixou de ser duro para Margarida. Vive numa casa em Lamarque, uma sala, uma cozinha, uma casa de banho e um quarto que partilha com o namorado, que também é desta vida. Fala do conforto entre quatro paredes enquanto se ocupa, de novo, da folhagem das vinhas. Faltam três horas de trabalho, algumas nuvens já lutam com o sol por espaço no céu. Margarida chegou ali, à região de Médoc, onde o vinho francês melhor sabe e mais se exporta, em 2013. O trabalho estava difícil de arranjar em Portugal e, quando era fácil, os vários que teve foram “sempre em lojas”.
Tinha alguns amigos que estavam ou já tinham vindo a França. Resolveu tentar. Durante dois anos acampou, dormiu em carros, fez das árvores as fundações de uma dormida rural que hoje está entre paredes. “O que me sabe bem na casa é simplesmente uma coisa: o banho que podes tomar a qualquer hora. Não tenho de ir com falta de ar ou de estar à espera no dépot“, confessa, explicando o que é o espaço que a empresa que as emprega, do “senhor Miguel”, um português que há décadas começou como elas estão hoje, dá aos trabalhadores para se lavarem.
Sabe bem, é necessário e quase obrigatório, para tirar da pele e das roupas o sulfato de sódio, um químico natural que os châteaux espalham pelas vinhas, para conservar a uva. “E outra coisa, que é não estares preocupada com a água que cai enquanto lavas a loiça”, acrescenta, rindo-se das pequenas coisas que se tornam grandes para quem vive no campo. “De resto, claro que é bom. Mas estares dentro da carrinha, na cama, a ver um filme no computador enquanto chove lá fora, no bosque, é praticamente a mesma coisa. Habituas-te. Estás bem e sentes-te em casa”, garante, insistente no que explica, não baixa a guarda perante quem vem da cidade e a ataca com perguntas. Margarida está tranquila, fala despreocupada — e, sobretudo, feliz — da vida que leva. Mas ao início não era assim.
▲ Os cavalos passam na estrada, de vez em quando. São eles que lavram os corredores de vinha antes de os trabalhadores lá passarem
Há três anos, quando experimentou, foi como um camaleão que sai da toca e falha na primeira vez que tenta misturar-se no cenário. Veio, atirou-se, trouxe os 300 euros que tinha na altura e apenas sobreviveu um mês. “Fartei-me de tudo isto. Vim sem carro e estar aqui assim é complicado, não me adaptei logo a este trabalho. Doíam-me muito as costas. Chateei-me com tudo”, diz, para resumir a desavença, enquanto tira a sombra a mais uns quantos cachos de uvas imberbes. Não se adaptou, mas também não se pôs a jeito para se adaptar.
Não basta aparecer em Bordéus, fugir 40 quilómetros da cidade, parar onde os châteux é tudo o que há e pedir trabalho. É possível, o bater à porta, mostrar vontade, arranhar o francês, pedir um posto e ser retribuída com um sim. Mas falta tudo o resto. “Vir para cá só com uma tenda e sem um carro é suicídio. Tens que trabalhar num château que te deixe dormir lá dentro e, quando for preciso ires ao supermercado, comprar comida, não sei como fazes”, suspeita Inês, por um momento, em que tira as mãos sujas da vinha e põe desconfiança nas rugas de feição.
Margarida diz que por ali até “ainda existe o hábito de as pessoas darem boleias”, embora isso seja um resquício do que é necessário para estar bem. Inês, de tesoura na mão, explica como “o mais duro” é nós, criaturas de hábitos, habituarmo-nos a viver como o acampar exige. “A disciplina, o deitar e acordar cedo. O corpo tem de se habituar até já não sentires dores. Tens de perceber quando deves ir buscar água, que tens de cozinhar em quantidades suficientes para o dia seguinte, ganhar os ritmos do trabalho”, tenta retratar, enumerando as tarefas que, agora, lhe saem automáticas, mas que antes lhe exigiam uma organização de formiga. “Esse período de adaptação, até ser natural, para mim é o mais duro. Não é a diferença entre dormires numa cama que está dentro de uma carrinha ou entre quatro paredes”, resume. E diz que Margarida, ou Maggie, como lhe chama, é a prova disso mesmo.
Chamam-se uma à outra, às pessoas do Madagáscar, aos que veem passar ao longe no meio das vinhas e à gente que está ali como elas de “sazoneiros”. É a palavra brasileira para a sazonalidade de um trabalho que, às 15h32 desse dia, acaba. Ouve-se um “on-y-va” vindo do chefe de equipa e, quase em simultâneo, as cabeças de todos brotam por entre o topo das vinhas, para se encaminharem dali para fora. Inês chega à carrinha sorridente, alegre por “o tempo ter passado rápido”. Margarida queixa-se dos joelhos, doridos por tantas dobras e constantes sobe e desce. Ambas têm a cara, os ombros, as costas e os braços morenos, ainda mais queimados por serem a pele que sempre se destapa. Foram sete horas de trabalho.
Diz que continuar assim, a cansar mais o corpo que a mente, é o garante de “aos 40 anos não ter mãos nem costas” e estar com “montes de tendinites”. Margarida ainda não fugiu ao francês básico, que é suficiente para a safar nas coisas triviais do dia-a-dia. O cumprimentar, o agradecer, o perguntar, o despedir. Admite ser “muito preguiçosa”, além da pouca gente que vive por aqueles lados não a obrigar a mais. “Na verdade, aqui mal preciso de usar o francês. Nem quando vou ao supermercado, por exemplo”, admite. Inês tão pouco se vê a pernoitar no bosque e a trabalhar nas vinhas durante muito mais tempo. Gostava de regressar ao teatro, caso a cultura em Portugal deixasse de ser “ignorada” e as condições melhorassem, ou de ver outras partes do mundo, se a carteira engordar. Ambas não sabem quanto mais vai perdurar o vaivém entre países que as faz evitar o inverno — estão ali, sobretudo, entre setembro e novembro, ou de março a julho.
Há vezes em que alongam as estadias, quando têm paciência e o tino de sobra para ficar por mais uns tempos, a receberem o subsídio de desemprego francês, entre trabalhos. Mas a papelada é teimosa, obriga-as a penar um pouco. “Muita gente não se interessa por ter o fundo de desemprego, porque é preciso muita burocracia para o conseguir. Tens que ter morada aqui, inscreveres-te na segurança social, ter lá um número, ter uma morada legal cá, abrir uma conta no banco, etc. Há uma série de coisas que tornam a tarefa chata”, explica Inês, contando com a anuência de Margarida, duas cabeças certinhas que sabem de várias que têm marosca dentro e, uma vez a receberem o subsídio, aproveitam para retornar a Portugal de férias ou a ter um emprego por lá. É por estas e por outras que optam por viver a trabalhar longe de outros portugueses, porque aqui há-os aos montes. E com eles juntos há mais distração no trabalho, barulho nos acampamentos, atenções atraídas, problemas à espera de acontecerem.
▲ A meio da tarde e após sete horas de trabalho, as amigas conversam, falam dos châteux vizinhos, discutem hipóteses enquanto regressam a casa. Ou ao bosque
Preferem estar assim, as duas, a baterem em retirada rápida, enfiarem-se na carrinha, acordar o motor e dizerem “à demain” pelas janelas fora. As despedidas são rápidas, o reencontro aquela gente de Madagáscar também o será. Embalam a viagem de volta com conversa. Discutem este, aquele e o outro château com os quais se cruzam, falam da experiência que já têm, concordam em ir entregar currículos “a outros sítios”. Há tempo para lhes perguntar pela chuva e o que fazem quando ela cai. Trabalham e fazem o mesmo, só que cobertas por casacos e impermeáveis.
Inês Bargão, de 33 anos, ficará em França mais três semanas, até ao final de julho. Margarida Fernandes, de 23, permanecerá mais uma semana que a amiga. Ambas regressam no verão a Portugal para retornarem à região de Bordéus em setembro, na época das vindimas.
É nesses dias que veem “coisas estranhas” — os diretores dos châteaux, conta Margarida, “lançam foguetes que afastam a trovoada, as nuvens e a chuva”. Assegura-o, insiste que “acontece mesmo” e que costumam até ser “senhoras trovoadas”. Inês ainda fala de algo “mais estranho”, que é a presença de símbolos que remetem para os illuminati — passamos por uma rotunda, com uma espécie de mini-arco do triunfo, em que no topo está um deles –, que remete para a teoria da conspiração que, em suma, sugere que mandam no mundo várias famílias ricas e poderosas. Como os Rothschild: “”Há rumores de que esta zona é muito burguesa, estás a ver? Até tens um dos châteaux que é dessa família. Pronto, e fala-se nisso. Às tantas vais vendo coisas e símbolos que te fazem pensar nisso”.
▲ Inês é a que está mais perto da câmara, Margarida a que está ao centro e mais longe
Inês, por fim, estaciona. Desliga o motor. Estamos à porta de casa de Margarida, são quase 16h00. Este dia de convivência acabou, seguir-se-á outro amanhã e três semanas de outros, o tempo que falta para a condutora regressar a Portugal para o verão. A companhia é o bem que dão uma à outra, a boleia é sempre de Inês porque a porta que se abre é de Margarida, quando ela precisa de carregar os aparelhos que se alimentam na eletricidade que o bosque não tem. Agradeço a quem fica em casa, espero que fique bem, até já e boa sorte.
Elas são uma pequena parte da máquina rural, artesanal e que puxa pelo corpo nas vinhas, que trabalha para engarrafar o vinho nesta região perto de Bordéus — “Era bom que as nossas fotografias aparecessem nas garrafas, porque se não fossemos nós, não havia vinho!”, brinca Margarida, horas antes, erguida por entre as vinhas, sorriso bronzeado pelo sol. O riso de Inês concorda.
Pelo que vi, talvez tenham razão.
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